terça-feira, 26 de setembro de 2017

Colour Me Gold






























Rever girassóis me faria sorrir muito hoje
Sempre fez
É como ter a certeza de que o rígido se dobra à luz
Seria como respirar suave e friamente a brisa nua dos vales da minha terra
Seria ter os pelos translúcidos próximos à boca 
Rever mensagens deixadas pela anônima inocência do medo
Seria tecer comentários sobre ela na mesa do bar apenas com a plateia do garçom 
E mesmo assim sorrir
E cantar...

Seria acariciar os lençóis nem tão brancos
Seria sentir o cheiro deixado no travesseiro
Na ponta do nariz
Sim, rever girassóis me faria feliz.

Me faria dormir e sonhar mais suave
Sem frio
Sem vergonha
Sem culpa
Com ela
Sem freio
Sem remédios
Ou meios.

Seria tudo inteiro de novo
Sim, rever girassóis me fariam sentir...

E que assim seja...
Beijos de bom dia flor do dia!

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

"Medo de Se Apaixonar"




















De um dos gênios da poesia brasileira...


MEDO DE SE APAIXONAR 
Fabrício Carpinejar 

"Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada."

A Letra de Despedida 2 - Desabafo Final.




















É impressionante como você é gélida
Me esfria
Terror 
Pavor
Histeria

Você caça
Seduz
Se engana
Engana
Tropeça e se arremeça em qualquer tentativa porque a vida não foi o que a história te contou.

Mas e a história que você conta, ou canta?
Encanta
Desencana
Espanta
Desencanta

Porque é obrigação do outro sofrer por você
É assim que a coisa se arma
Desarma
Destrói
Dói...

E retornando àquilo que é canção, 
Suas pernas já não me atraem
E seus cabelos não me prendem mais
Mas
Sua voz
Mesmo que calada.
Ainda fala alta demais.

E dói...


A Letra de Despedida








Ei...
Sim...
E é neste texto que começo a me despedir de você em mim.
Melhor assim.
Com letra...



Não está apaixonada.
O que fiz de errado?
Errei no compasso, na letra ou na melodia?
Qual hora?
Qual nota?
Qual dia?

Com as mãos escrevi o que Deus me pedia.
Com gosto salgado, lento e molhado
Descrevia algo tão fugaz e, mesmo enganado,
Quase me penitencio por nada ou de culpa 
Por algo que você sabia.

Mas e a letra?
E a música?
Essa era assim:

As flores que colhi já não são mais as mesmas
E eu vejo que seu beijo não é tão jovem assim
E o que corre em seu rosto não são apenas suas lágrimas 
Tem um gosto diferente 
Algo indiferente ao amor 


Então ...
Escuta essa música, presta atenção na melodia porque você, infelizmente, não se perde por tudo que é letra.

Ou por nada que seja
Ou tudo que me afeta
A letra
A letra
A letra
...

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

À Estrela...














Primeiro... 

Obrigado.
Quando nos deitamos e você me perguntou o que eu estaria sentindo naquele momento
Eu te respondi sem pestanejar:
Gratidão!

A mesma coisa sinto por você agora.
Gratidão.
Você despertou o que eu achava não ter mais como...
E sem saber como, a gente se foi.

Que a vida te seja generosa.
Que esta trilha sonora perca sentido na sua próxima história.

Você é a "Estrela" para mim.

Luz.

"You're dangerous 'cause you're honest 
You're dangerous, you don't know what you want
Well you left my heart empty as a vacant lot
For any spirit to haunt


You're an accident waiting to happen
You're a piece of glass left in a beach
Well, you tell me things I know you're not supposed to
Then you leave me just out of reach 


Who's gonna ride your wild horses? 
Who's gonna drown in your blue sea?
Who's gonna ride your wild horses?
Who's gonna take the place of me? "


terça-feira, 5 de setembro de 2017

E Que Se Dane Essa Coisa Toda


















Vamos recomeçar?
Digo, recomeçar a viver…
De verdade dessa vez!

Vamos?

Quem tira a primeira peça? Eu ou você?
Podemos começar com nossos traumas?
Eu não me importaria se depois, tirassemos inclusive as roupas.

Vamos?

E não adianta.
Se não for para ficar nus, então melhor nem começar… Você tem razão.
Despir o coração das grossas cascas e calos.
A memória da desculpa de se recusar a sentir.
Da alma do choro que só espera o momento errado para começar.
Das lágrimas emperradas pela estúpida preocupação com o alheio.
Da porra do medo do que se quer todo santo dia.

Todo santo dia!

Tira tudo?

Quero mostrar tudo.
Se você não gostar, eu sinto dizer que não irei apagar luz.
Se não te agradar, pode fechar os olhos.
O show não toca para corações que não enxergam ou sofrimentos que se calam…
Ele também fica surdo para a felicidade.
Não escuta, não vê.
Mas surta.

De novo.

Eu já fiz tanto isso que não posso te culpar se você repetir o pecado.
Mas vamos pecar juntos!

A cumplicidade que eu sempre me privei sentir, está aqui
Embrulhada em tantos versos que tudo, não tanto no detalhe, hoje é verdade.
E eu me atrevo a cantar isso tudo.
Até porque, na minha ignorância, eu sei.

A música da vida só para quando se prefere a letra ao invés da melodia.