sábado, 1 de março de 2008

E acontece... De novo...





Ele deita e observa.
Ela finge e ignora a presença dele.
Faz sua rotina.
Desabotoa a blusa.
Roupa ao chão.
Ele se contenta em observar.
Não há nada materno ali.
Sabia o nome dela.
Mas sem nunca ter sentido, sabia que era tenro.

Curiosidade quase geográfica.

Não sabia onde ficava nada.

A lua estava nua a sua frente.
Lua nua, sua musa.
Nem mesmo sabia o que era uma.
Não havia definições.
Tempo? O que? Quem?
Leve passeio pelos montes pálidos.
Cálidos.
Não suava, não soava.
Salivava.
Sua face nunca esteve tão sem feição definida.
Não tinha que pensar em nada.
Não queria.
Nada...
Nadava no ar com sua visão.
Será que respirava?
Via o que nunca havia visto antes.
Mas sem entender, sabia que conhecia.
Macia.
Relva de pelos translúcidos.
Não havia lucidez.
Nudez.
Foi assim que descobriu sua natureza.
Teatro íntimo.
Público ínfimo.
Mas não cabia mais ninguém ali.
Nem ele mesmo.
Doce contemplação.
Estava lendo as últimas frases de seu livro da inocência.
Acabava ali a infância.
Adoecia sem cura.
Sem febre, mas quente.
Latente.
Latejante.
Conhecia-se nos montes dela.
Assim, transformou-se num poeta pobre.
Faltavam-lhe palavras naquele momento.

Faltam-lhe até hoje!

Nenhum comentário: